quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sugestões para preparação do teste 6 de Maio


Teste de 6 de Maio de 2010: sugestões para a sua preparação

Deverão reservar algum tempo de "trabalho autónomo", de acordo com as indicações da Declaração de Bolonha. A preparação deverá demorar cerca de 3 a 4 horas, se seguirem as indicações seguintes.

O teste irá consistir num comentário aos seguintes textos que contestam as teses da escola sócio-técnica:




"C) Avaliação Crítica da Abordagem Sócio-Técnica
Apesar de ser reconhecida como um avanço em termos da teoria organizacional e contribuição efetiva à melhoria de condições e qualidade de vida no trabalho, a abordagem sócio-técnica da organização vem sendo alvo de muitas críticas, no sentido de suas limitações e incoerências teóricas e empíricas, como as apresentadas por Garcia (1980); Palloix (1982); Pasmore (1982); Ortsman (1984); Demo (1985); Sorensen (1985); Motta (1986a); Storch (1987).
Na avaliação de Garcia (1980), as possíveis limitações da abordagem sócio-técnica estão relacionadas com algumas áreas problemáticas que poderiam conduzir à redução dos horizontes existenciais dos membros individuais da organização. Partindo do objetivo principal da abordagem sócio-técnica, a otimização conjunta, o autor alerta que para atingi-la, torna-se necessária a análise e modificação da estrutura das tarefas produtivas, o que conduz a uma redefinição dos papéis sociais a fim de neutralizar as variações fundamentais que, eventualmente, possam ocorrer na produção. Esta forma de conduzir a análise, implica em duas áreas problemáticas: a primeira, decorrente da própria natureza do processo tecnológico e, a segunda, da ambivalência dos processos grupais.
Tratando-se da primeira área problemática, verifica-se que a estrutura das tarefas passa a ser intencionalmente delineada de forma abrangente. A partir daí, em função do delineamento de cargos, é que se analisa a constituição dos grupos sociais. "Isto significa colocar sob controle fatores como proximidade física dos membros individuais, nível de habilidade profissional requerida, fluxo de informações, interdependência e amplitude das tarefas requeridas" (Garcia, 1980, p.75). Sabendo-se que esses fatores são altamente significativos para o surgimento e a manutenção dos processos grupais, pode-se inferir que há uma determinação intencional de utilizar os grupos sociais como amortecedores de conflitos e toda a espécie de pressão externa. Implícita nessa interpretação, constata-se uma preocupação com a harmonia, contida na teoria do equilíbrio da organização (Burrel e Morgan, 1979).
Não se observa, portanto, uma prática de ação - reflexão, nem processos de denúncia - proposta, com vista à transformação de uma realidade. A situação de conflito entre o capital e o trabalho e a questão da dominação é mascarada em pról da idéia de integração e cooperação: "tudo se passa como se não houvesse, de fato, dirigentes e dirigidos, mas apenas supersistemas, sistemas e subsistemas a serem integrados [e otimizados] (Motta, 1986a, p.88).
O que realmente ocorre, parece ser um paradoxo às propostas da AST: ao serem reestruturados os cargos e as tarefas, em função da inovação tecnológica, observa-se que o controle intrínseco da tecnologia sobre as ações individuais expande-se amplamente. Isto contribui para tornar a tecnologia um instrumento de maior controle da gerência sobre os trabalhadores (Garcia, 1980).
Com relação à segunda área problemática, a ambivalência, a que se refere Garcia, deve-se ao aspecto contraditório da atuação do grupo de trabalho como fator de socialização, aumento do nível cultural e participação de seus membros, mas ao mesmo tempo, como limitação a uma futura emancipação do indivíduo, além de interpor-se como mediação inautêntica entre ele e o interesse geral dos demais trabalhadores. Dessa forma, se o delineamento de cargos não considera a natureza política das tecnologias e o caráter ambivalente dos processos grupais, provavelmente originará uma redução na capacidade individual dos membros participantes para a interpretação de problemas existenciais mais amplos.
A forma como é conduzida a otimização conjunta pelos sócio-técnicos, que sugerem a busca de um 'ótimo', tratando-se de ambos os sub-sistemas, técnico e social, é suscetível à críticas. Pois, "ao adotarem um conceito matemático de otimização estabelecem algo impossível, ou seja, empreender um processo de otimização utilizando duas variáveis dependentes, com dois sistemas diferentes de valores: a produtividade (em termos da percepção monetária dos trabalhadores) e a satisfação no cargo" (Sorensen, 1985, p.146).
No entanto, é evidente, em todos os trabalhos desenvolvidos de acordo com a Abordagem Sócio-Técnica, que não são admitidas soluções que conduzam a uma redução de eficiência. (Emery e Thorsrud, 1976, Ortsman, 1984). Para Garcia (1980, p.75) a abordagem sócio-técnica, na busca de otimização conjunta, releva uma carência de "um modelo autodeterminado da ação humana", ou seja, os valores humanos, que são considerados, são aqueles relacionados com a situação de tarefas produtivas e aos papéis sociais a serem desempenhados.
Ao assumirem uma concepção mecanicista da tecnologia os sócio-técnicos relegam a avaliação social da tecnologia, restringindo a sua análise ao âmbito das tarefas e cargos e conduzindo-a de tal modo que o sistema técnico determina os graus de liberdade presentes no projeto de delineamento dos cargos. Essa ausência de concepção política e social da tecnologia "conduz a uma insensibilidade com relação às conseqüencias sociais da pesquisa e desenvolvimento da tecnologia" (Sorensen, 1985, p.149), como também aos problemas de distribuição do poder e de controle social (Garcia, 1980).
Quando a AST assegura que a tecnologia oferece possibilidades inerentes para novas e mais saudáveis formas de organização do trabalho, é muito vaga ao descrever sob quais condições sociais as novas tecnologias podem apresentar os resultados desejados.
As críticas, com relação ao embasamento teórico da abordagem sócio-técnica e suas incoerências lógico-conceituais, não são menos severas para Sorensen (1985), quando avalia as falhas decorrentes da utilização da teoria dos sistemas abertos para descrever as organizações. Segundo o autor, em primeiro lugar, a abertura dessa teoria é mais pragmática do que real. Na prática, a AST negligencia muitas influências externas sobre a organização do trabalho, como por exemplo, o ambiente político da comunidade adjacente, histórico de vida dos trabalhadores, as flutuações econômicas e políticas da sociedade em geral, ou seja, "a Teoria dos Sistemas Abertos é bastante fechada para sensibilizar-se com questões transistêmicas" (ibid., p.148). Além do que, contrariamente à abertura teórica propalada, a AST procura explicar o sucesso ou o fracasso do empreendimento, sempre através de situações internas, a nível de chão de fábrica, desconsiderando as causas externas.
Em segundo lugar, para o mesmo autor, a concepção sócio-técnica de 'ordem social' de uma organização é simplista demais, insuficiente para uma verdadeira interpretação da organização de modo geral, tendendo a relegar o aspecto político e cultural da organização ao se concentrar demasiadamente nas tarefas, papéis de trabalho, necessidades psicológicas do cargo.
Desse modo, tornou-se difícil comprovar, praticamente, através dos experimentos do IDP, a declarada conexão entre participação sócio-técnica e democratização através de representação dos trabalhadores (Emery e Thorsrud, 1976). Provavelmente, isto é conseqüência da compreensão sócio-técnica da participação dos trabalhadores como fundamentalmete integrativa e não conflitual. Por isto o papel representado pelos coletivos informais de influência dos trabalhadores e sindicatos, não foi enfatizado. Justo estes sistemas de representação que historicamente têm sido o principal canal de participação de trabalhadores nas decisões.
Refletindo sobre o conceito restrito de participação sócio-técnica, Storch (1987) observa que se limita à situação imediata de trabalho, não prevendo um escopo mais amplo de participação política, no que se refere às decisões estratégicas da empresa. Aliás, a ausência de atenção às relações políticas que acontecem em uma organização é uma das falhas mais graves da abordagem sócio-técnica, pois dificulta o estudo da dinâmica interna das negociações formais e informais, da resistência dos trabalhadores e da participação formal.
Para concluir a avaliação crítica da abordagem sócio-técnica, é interessante refletir sobre o modelo de ciência em que se assentam os princípios dessa abordagem. Pela forma como são enfocadas as questões da tecnologia, da organização e dos comportamentos individuais e grupais é bastante perceptível a influência de pressupostos positivistas (Garcia, 1980; Sorensen, 1985). Além do que, ao estabelecer, como um dos seus referenciais básicos de análise, a teoria dos sistemas abertos, a abordagem sócio-técnica sofre influência do pragmatismo da sociologia norte-americana, em particular, quando se trata da problemática do aperfeiçoamento dos sistemas (Motta, 1980). Esse aperfeiçoamento constante, pode originar um dirigismo, expresso nas estratégias de controle social, que visam identificar os conflitos organizacionais com o objetivo de canalizá-los para a eficiência do sistema.
Nesse sentido, Palloix (1982), um dos críticos mais contundentes da AST, a avalia negativamente, por considerá-la como mais uma estratégia gerencial para impôr um controle global do processo de trabalho, através de uma relativa autonomia concedida ao trabalhador, somente sobre as suas tarefas imediatas. Porém, ao contrário das abordagens mecanicista e de relações humanas/comportamentalista, alguns críticos reconhecem que "há no entanto, no caso do modelo sócio-técnico, algo que foge um pouco à questão da manipulação eficientista, na medida em que se sugere, timidamente, vantagens da organização lateral" (Motta, 1986a, p.90). Reconhecem, também, que representou um avanço em termos do entendimento da atuação operária nos locais de trabalho, abrindo perspectivas de participação dos trabalhadores e contribuindo para uma melhor compreensão das relações existentes entre tecnologia e organização do trabalho."

Segundo texto:

"4. Súmula conclusiva e análise crítica à abordagem sócio-técnica
As organizações são entendidas como sistemas sociais assentes na interdependência e na
interacção entre os seus subsistemas estruturais e funcionais, nomeadamente na execução de tarefas, no processo de tomada de decisão e na organização do trabalho.
Na abordagem sócio-técnica, para uma mesma tecnologia, é possível estruturar uma organização do trabalho baseada nas decisões e participação do trabalho em grupo. É o grupo, através do seu funcionamento interno, que coordena e controla a execução das tarefas, não existindo uma supervisão externa. As relações entre os diferentes trabalhadores passam a ser dominadas pela cooperação e solidariedade, fomentando a coesão e a integração sociais, imprescindíveis para a consecução dos objectivos do grupo e da organização.
Outro pressuposto norteador da corrente sócio-técnica está em defender que o trabalho enquanto acção humana e social relacionada com qualquer tecnologia, atinge uma maior eficiência em grupo do que circunscrito a uma função polarizada do trabalho individual centrada na especialização e na competição entre os diferentes indivíduos que executam uma determinada tarefa.
Os diferentes estudos de intervenção da corrente sócio-técnica nas empresas da Noruega, Grã-Bretanha, índia, Suécia demonstram várias virtualidades nas novas formas de organização do trabalho adoptadas após as décadas de 1940-1950:
a) sendo os trabalhadores a decidir e participar na organização do trabalho, a sua criatividade e responsabilidade de execução das tarefas aumentam substancialmente;
b) aumentando a motivação e a identidade em relação ao trabalho, desenvolve-se a coesão
social e a eficiência nas empresas;
c) uma mudança organizacional positiva exige um diálogo profundo e sistemático entre
investigadores e organização, por forma a permitir uma intervenção baseada na pesquisa-acção, que tem por intenção não só realizar diagnósticos aprofundados ao problemas que afectam o funcionamento interno da empresa como também permitir a sua superação através de condutas humanas assentes em relações interpessoais dialógicas e democráticas.
Numa perspectiva geral das correntes do pensamento em gestão, a abordagem sócio-técnica, impulsionada pelo Tavistock Institute, mais do que a criação de formas inteiramente novas de organização do trabalho deve ser vista como parte de uma metodologia capaz de repensar a organização do trabalho na empresa paralelamente ao modelo da Organização Científica do Trabalho pois, num ambiente económico global e competitivo, torna-se imperioso não equacionar um único caminho em matéria de organização do trabalho e gestão de empresas.
Segundo o modelo conceptual da abordagem sócio-técnica constatamos que era sua intenção dinamizar a aprendizagem, a participação activa dos diferentes actores na empresa (desde a direcção aos trabalhadores) e o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade dos colaboradores com o objectivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida no trabalho bem como da performance sócio-económica da empresa.
Neste sentido, a abordagem sócio-técnica revela-se muito actual, nomeadamente no contexto empresarial português onde, para a análise e melhoria da produtividade, teremos que ter em conta não apenas variáveis ligadas ao capital físico, tecnológico e humano da empresa mas também incluir o desenho organizacional da empresa e a maneira como ela organiza o trabalho, preocupações estas preconizadas pela primeira vez pelos autores da abordagem sócio-técnica na teoria das organizações.
Contudo, hoje continuamos a verificar que a maioria das empresas nacionais ainda segue uma linha muito mais tecnológica do que humana, o que pode ser explicado pela falta de recursos humanos qualificados e acentuado défice de participação do pessoal nas mudanças técnicas, tecnológicas e organizacionais introduzidas nas e pelas empresas. Portugal revela ainda uma cultura empresarial fortemente enraizada nos princípios tecnocratas e burocráticos da Organização Científica do Trabalho, valorizando o lucro em detrimento do desenvolvimento do seu capital intelectual. As empresas tendem a inovar, na maior parte dos casos, ao nível dos processos tecnológicos e só muito raramente essa inovação é ao nível sócio-organizacional, o que pode explicar o insucesso empresarial e produtivo da nossa realidade económica actual. Este pressuposto leva-nos a concluir da necessidade de colocar ao mesmo nível quer a inovação tecnológica quer a inovação organizacional e social da empresa como dois pólos igualmente importantes para melhoria da viabilidade e competitividade empresarial.
Se tomarmos como exemplo o caso japonês, constatamos que eles, ao contrário das empresas portuguesas, explicam o seu sucesso organizacional mais pela eficácia na gestão de pessoas, na motivação de comportamentos e na gestão de uma cultura organizacional congruente com o meio ambiente do que na eficácia dos equipamentos tecnológicos. Investiram, nos últimos anos, sobretudo no enriquecimento do conteúdo de trabalho, na iniciativa, responsabilidade e autonomia funcionais bem como em modelos de gestão assentes na polivalência e empowerment para fazer face aos desafios colocados pela evolução do meio em que operam.
Ainda que a abordagem sócio-técnica assentasse em ideias inteiramente novas e diferentes face ao paradigma taylorista elas foram alvo de forte oposição por parte das organizações
contemporâneas, uma vez que ameaçavam as estruturas de poder. Contudo também se reconhece a sua influência nas mudanças trazidas ao nível dos valores sociais e seus efeitos nas organizações e indivíduos, nomeadamente na alteração da sua performance produtiva, nas oportunidades de aprendizagem, na variedade funcional, no apoio organizacional e no maior poder de decisão e responsabilidade, capazes de incentivar a flexibilidade e a aquisição de novas competências tornando as empresas mais competitivas e facilitando a sua constante adaptabilidade às variações do meio envolvente, muito características da sociedade económica actual".






Fases do trabalho:

1. Deverão fazer um resumo destes dois textos.

2. Resumos das aulas no que se refere à Escola sócio-técnica centrando-se no que a  separa da escola das relações humanas e da visão de Taylor


8 de Abril de 2010
Tema: da metáfora mecanicista de Taylor aos grupos sócio-técnicos. A escola sócio-técnica e os grupos semi-autónomos. 
Ver aqui resumo da aula:
http://neves.do.sapo.pt/AulaOrgTrab10Abr07.pdf


Ver também o texto sobre a escola sócio-técnica que está na Copyfilm: Mudar o trabalho.

Fazer também pequenos resumos das aulas sobre Taylor e as Relações Humanas:

Aulas de 18 e 25 de Março de 2010

http://neves.paginas.sapo.pt/org_trab09_10/Aula.OrgTrab18_25Mar10FINAL.pdf






4. Fazer uma comparação entre o que dizem as duas críticas.


5. Fazer, no dia do teste, um pequeno ensaio de, no máximo, 2 páginas respondendo a uma pergunta baseada nos textos anteriores e nas aulas.

Textos de apoio apenas para leitura

Serão colocados amanhã, no blog, alguns textos de apoio apenas para leitura.

As melhoras respostas serão colocadas, mais tarde, no blog desde que me disponibilizem uma versão, em Word.

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