quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aula sobre as questões do poder nas organizações: filme "Condenados de Shawshank"

Como introdução a este tema do programa (3.4. A visão centrada nas questões do Poder: o estudo do fenómeno burocrático em França por Michel Crozier), será apresentado o filme "Condenados de Shawshank". No final, será solicitado aos alunos um pequeno texto que mostre como as questões do poder organizacional são tratadas no filme.


título: Condenados de Shawshank
titulo original: The Shawshank Redemption
lançamento: 1994 (EUA)
direcção: Frank Darabont
actores: Tim Robbins , Morgan Freeman , Bob Gunton ,William Sadler , Gil Bellows
duração: 142 min
gênero: Drama




Um comentário ao filme encontrado na internet:


"Um poster de uma atriz na parede é a única esperança de redenção para um inocente na prisão. É assim que eu resumo, numa oração. Filme que soaria bem melhor com seu título original (algo como Rendenção em Shawshank). É uma fábula sobre perseverança, coragem e lealdade num dos lugares onde isso seria menos provavel de se encontrarem: uma prisão. 
Shawshank é uma daquelas duras e feias casas de denteção norte-americana, com seus directores corruptos, seus policiais violentos, seu ambiente decadente beirando a selvageria, enfim, aquele ambiente acolhedor que já deu origem há tantos filmes e até séries de televisão. Mas apesar desta ser uma pelicula baseada num conto de Stephen King, não é uma história de terror: é uma fábula sobre a esperança. Se o horror existe ele é psicológico. Está na destruição no humano e sonhador dentro de cada homem. 


Quando Andy Dusfrane (Tim Robbins) chega a prisão, logo lhe dizem para não ter esperança no fim do túnel. Mas se não há tunel para se ver uma luz no fim, então construa um túnel! Como um bom geólogo, Andy sabe que tudo só precisa de tempo e de pressão até ceder. Mas quem irá ceder antes? As paredes da prisão ou o próprio Dusfrane? Podem aprisionar o corpo de um homem, mas não seu espírito. Para resistir as torturas e sadismos físicos e psicológicos, Andy passa a trazer um pouco de seu mundo dentro da cadeia. 


Num lugar onde a vida não vale nada, é na amizade de seus companheiros de sela que ele pode dar um mínimo de alento na convivencia forçada de cada um deles. De início de forma tímida, logo após mais competentemente, auxiliado por seu amigo Reed (Morgan Freeman, numa interpretação que deveria ter lhe valido o oscar), Andy toma as rédeas da situação e começa a melhorar não só suas condições mas também as de seus companheiros, mesmo não que de forma definitiva, mesmo ilusória, mas cria aí um ambiente de "civilização", tal como um Robson Crusóe perdido numa ilha deserta de justiça, mas não de compaixão e solidariedade. 


E não é nos homens da lei que encontra esses ultimos valores, mas naqueles homens faltosos com a ordem vigente, com aqueles proscritos que também forma banidos do convivio social. Formam todos uma irmandade, compartilham todos um laço mútuo e Andy compreende: "Em Shawshank ninguém é inocente". 


Duas cenas que vale aqui ilustrar e que me marcaram para eleger esse como um dos meus filmes preferidos: quando Andy é preso por colocar uma ópera de Mozart nos autofalantes da prisão, sendo depois enclausurado na solitária por uma semana, ele sai do castigo com um sorriso no lábio e em perfeito estado de saúde mental: "Eu não estava sozinho, explica ele. Estava com Mozart". A segunda, e mais marcante, quando o corrupto diretor de Shawshank rasga o poster de Rita Hayworth da parede da cela de Dusfrane e descobre por onde ele fugiu. Rita, sua luz no fim do tunel. Rita, que apontava o caminho de sua redenção. 


O que segue é uma espetacular cadeia de acontecimentos que mostram o quanto a determinação de um ser humano podem fazer em 18 anos de confinamento. Um final mais do que apropriado não só para os personagens, mas de toda película, culminando numa belissima imagem de por de sol, figurando como uma "redenção". 


Foi com esse filme que Tim Robins se confirmou, ainda que Hollywood e a crítica especializada não lhe façam justiça, como um dos meus actores favoritos. Selectivo na escolha de papéis, são os temas humanos e em favor dos direitos civis os que mais chamam a atenção do ator. Mas, mais do que senso social, Robbins tem talento de sobra não somente para discursar ou denunciar, mas sobretudo para colocar, em simples expressões, laivos de esperança e de coragem do ser humano, assim como conferiu a Andy Dusfrane. E está dito o necessário." 


Nano Sousa, 12 de Janeiro de 2001


[texto adaptado]


in: http://www.adorocinema.com/filmes/sonho-de-liberdade


O filme pode ser analisado a partir de diferentes visões sociológicas. Nas aulas, iremos discutir a aplicação de duas teorias: a teoria pluralista do poder (M. Crozier) e a teoria da socialização organizacional de R. Sainsaulieu). 


Ver também aqui um texto, que será objecto de uma análise, que relaciona o filme com as teorias de Durkheim (e indirectamente de K. Marx):


http://liusena.wordpress.com/2006/09/07/relacoes-entre-um-sonho-de-liberdade-e-teorias-da-sociologia/

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